Pesadelo das siderúrgicas do país com as importações de aço chinês pode continuar em 2024

O aço chinês é uma ameaça para a indústria siderúrgica nacional, que já enfrenta dificuldades com os altos custos de produção, a baixa demanda interna e a concorrência de outros países. Segundo dados da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), as importações de aço da China cresceram 62% em 2023, alcançando 12,7 milhões de toneladas. Esse volume representa quase um terço do consumo aparente de aço no Brasil, que foi de 38,5 milhões de toneladas no ano passado.

A situação pode se agravar em 2024, com a previsão de aumento da produção de aço na China, que deve superar 1 bilhão de toneladas pela primeira vez na história. O excesso de oferta pode levar os chineses a reduzir os preços e ampliar as exportações para mercados emergentes, como o Brasil. Além disso, a China tem vantagens competitivas em relação aos produtores nacionais, como o acesso a matérias-primas mais baratas, a escala de produção e os subsídios do governo.

Diante desse cenário, as siderúrgicas brasileiras buscam medidas para proteger o mercado interno e garantir a sobrevivência do setor. Uma das principais reivindicações é o aumento das tarifas de importação de aço, que atualmente variam entre 0% e 14%, dependendo do tipo de produto. A ABM defende que as alíquotas sejam elevadas para 25%, o que seria suficiente para neutralizar o efeito do câmbio e da diferença tributária entre os países.

Outra medida proposta é a criação de cotas de importação, que limitariam o volume de aço que pode entrar no país sem pagar impostos. Essa medida já foi adotada pelo governo dos Estados Unidos, que impôs cotas para 28 países, incluindo o Brasil. A ideia é evitar que o aço chinês seja desviado para outros mercados por meio de triangulações comerciais.

Além das medidas protecionistas, as siderúrgicas brasileiras também investem em inovação, qualidade e diversificação de produtos, buscando atender às necessidades dos clientes e se diferenciar dos concorrentes. O setor também aposta na recuperação da economia brasileira, que deve impulsionar o consumo de aço em segmentos como construção civil, automotivo e infraestrutura.

O desafio das siderúrgicas brasileiras é encontrar um equilíbrio entre a defesa do mercado interno e a competitividade externa, sem prejudicar os consumidores finais. O aço é um insumo essencial para o desenvolvimento do país e não pode ser visto como um problema, mas como uma oportunidade.

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